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Foto do escritorAlexander Zimmer

O trabalho do Ator e sua influência na qualidade da obra dramatúrgica


As pessoas querem a boa fama, mas não querem se dar ao trabalho de merecê-la. Sem estudo dedicado, não se vai muito longe.


Por mais óbvio que isso seja, a maioria ainda quer apenas a fama pela fama e faz qualquer negócio por isso. O resultado é um mercado cheio de péssimos atores que não conseguem defender, nem razoavelmente, uma obra dramatúrgica e de atitudes no mínimo discutíveis. Quem sofre com isso são os autores, que vêem muitas vezes suas novelas afundarem por causa de atores sem preparação e o público, que começa a achar chatas novelas que poderiam ter uma qualidade muito diferente, se os atores tivessem a capacidade de segurar a carga dramática exigida por seus personagens.


Obviamente, que estou falando de forma geral. Há sempre os atores justamente consagrados pela qualidade de suas interpretações mas, coitados destes, né? Além de fazerem meticulosamente seu trabalho, ainda acabam tendo que levar nas costas o trabalho dos atores despreparados.


Já fui uma pessoa sempre atenta às novelas, mas hoje confesso que não tenho mais paciência. Às vezes resolvo assistir um capítulo e, de vez em quando sou surpreendido por uma ótima cena, com atores que fazem muito bem seu trabalho. No entanto, são raros estes momentos. No geral, acabo ficando com vontade de pular para um bom filme, documentário ou série gringa. É triste admitir isso, mas é verdade. E não duvido nada se a maioria das pessoas também não se sentem da mesma forma atualmente.


Temos autores maravilhosos e que já provaram e continuam provando seus talentos como romancistas e dramaturgos. Mas, uma hora ou outra, uma de suas novelas não dá tão certo. Automaticamente, vem a crítica e desse o pau no pobre e talentoso autor, quando na grande maioria dos casos a responsabilidade pelo desabamento da trama está no seu principal representante, o ator.


Essa é uma questão muito séria e que precisa ser analisada com cuidado e clareza.


Graças a Deus, os atores estão cada vez mais buscando uma preparação maior e se dedicando de verdade ao estudo em seus vários âmbitos. E não há realmente outra saída para o problema de qualidade na teledramaturgia brasileira. Enquanto os críticos questionam se as novelas estão com seus dias contados e analisam as tramas buscando a falha, esta mesma falha pode estar mais evidente do que se imaginava, pois é tão óbvia a diferença de qualidade numa cena feita por dois atores, sendo o primeiro o bem preparado profissional e o segundo mais preocupado com a fama e despreparado para exercer a profissão. A mesma cena, feita por ambos, cada um à sua vez, defendendo o mesmo personagem não nos deixa dúvida a respeito da afirmação de que o problema está na preparação; a diferença de qualidade é gritante!



Quando comecei, no final da década de 80, eram poucas as escolas de Teatro. Entrei para O Tablado e tive o privilégio de estudar com consagrados e premiados diretores, como Ricardo Kosovski e Bernardo Jablonski, além de ser aluno da mundialmente premiada Maria Clara Machado. Saí de lá direto para o mercado de trabalho e tenho muito orgulho de ter aprendido a amar a profissão da melhor forma possível, ou seja, amando o exercício, o estudo, a pesquisa; amando SER ATOR!


No entanto, nunca parei de estudar. Além do mais, buscar bons profissionais influencia sim e muito na qualidade de teu trabalho. Frequentei as aulas de Ballet e Jazz de Renato Vieira, também muito premiado mundo à fora; tive aulas de canto com a reconhecidíssima Telma da Costa e fui aluno de Ajax Camacho, com quem muito aprendi sobre a Interpretação para TV e Cinema, antes de partir para minhas próprias pesquisas e desenvolver meu próprio método.


Ainda bem que hoje há muito mais escolas de formação de atores por aí. Só esperamos que a maioria prime pela qualidade e não se transforme apenas em empresas que visem sobretudo o lucro; o Amor à Arte é essencial, para que uma escola tenha alma. E que não seja só a ilusão da fama que venha inspirando estes buscadores do palco e da tela, mas que seja uma verdadeira VONTADE de se entregar aos meandros mágicos desta arte sem fim e maravilhosa, tanto como manifestação e transformação, quanto como ferramenta de autoconhecimento e desenvolvimento humano.


A arte do ator é aquela que não pode jamais prescindir do estudo constante e da entrega de corpo e alma.


Luz!

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